LGBT Comunista-SP em defesa do PCB

A Coordenação Estadual do Coletivo LGBT Comunista em São Paulo vem afirmar, agora de forma online, sua defesa do Partido Comunista Brasileiro, que tem sua história traçada desde 1922.

O LGBT Comunista foi, é e será organicamente ligado ao PCB. Ou seja, seguimos a linha política do Partido, sua estratégia e tática, respeitamos o funcionamento da nossa organização e, deste modo, seguimos os princípios do PCB, dentre eles o centralismo democrático e a crítica e autocrítica. É com muito pesar, no entanto, que percebemos nos últimos meses, mas que ficou expresso ontem, através de post em adesão ao RR, que algumas das pessoas que se desligaram recentemente do Coletivo pareçam ter uma compreensão deturpada da organização no complexo partidário.

Esse fato ficou evidente desde o início das discussões sobre a crise no Partido, quando uma minoria de militantes, que não representavam a posição majoritária do Coletivo, começou a atuar de maneira contrária a esses princípios ao organizar reuniões paralelas para participarem das discussões coletivas de forma blocada, além de mandarem mensagens entre si durante essas reuniões e ainda criarem grupos com apenas alguns militantes para pensar suas ações fora dos espaços próprios para o debate. Inclusive, devido à nossa antiga secretaria do núcleo de São Paulo ter seguido as orientações das direções do Partido, ou seja, respeitado esses princípios, foram desproporcionalmente criticadas no grupo e em reuniões. Porém, ao solicitarem que camaradas que discordassem da forma organizativa das reuniões, propusessem uma outra forma de fazê-las, houve apenas uma devolutiva da base que sugestionava um encaminhamento. O restante das respostas se voltaram apenas a uma proposta individual de aderirmos ao chamado do XVII Congresso Extraordinário e críticas às direções do PCB.

Reforçamos que a relação partido-coletivo sempre foi pautada nas nossas reuniões. Prezamos por um debate franco e crítico acerca dessa relação e procuramos, pelas instâncias corretas, discutir e contribuir para essa compreensão. Os espaços de reuniões sempre foram ambientes de crítica e autocrítica fraternas, continuamente em busca da organização e manutenção de nossos objetivos políticos. Assim sempre fizemos e assim continuaremos.

Outro pronto importante é que não nos furtamos das discussões acerca da crise. Tanto é que sabemos que fomos um dos primeiros núcleos a pautar essa questão em reunião. Assim o fizemos, pois conseguimos apontar, através dos meios corretos, o equívoco em proibir a discussão em todo o complexo partidário e apresentar a demanda da base às direções do Partido. Até semana passada tivemos espaço para essa discussão nacionalmente, providenciado pela Coordenação Nacional do Coletivo LGBT Comunista, e lá mesmo ressaltamos que na capital e na Coordenação Estadual estamos em defesa do PCB, mas, com a recente nuclearização e criação da CE, queremos voltar a tocar nosso trabalho, a fim de alcançar o objetivo que traçamos desde o fim de 2022: a periferização do Coletivo através da criação de núcleos regionais.

Nesse sentido, revimos também a forma com que tocamos a nossa Agitação e Propaganda, até pouco tempo atrás extremamente voltada às redes sociais, mas, que hoje, é perceptível sua menor importância – estamos menos presentes nas redes – em relação ao trabalho de base concreto, em contato com as LGBTs trabalhadoras de São Paulo. Lamentamos precisar doar nosso tempo à um posicionamento online, em que se cria fatos políticos e limita a discussão.

A crise que nosso Partido atravessa causou ruídos entre militantes do Coletivo, porém, assim como sempre fizemos, seguimos de forma crítica as orientações que as direções nos dão, dentro ou fora do Coletivo LGBT Comunista. Tanto é assim que, dentre os encaminhamentos tirados no primeiro ativo municipal do Coletivo, elaboramos uma carta crítica ao CR-SP sobre a condução em relação ao LGBT Comunista. Essa carta foi recebida, lida e discutida na instância e, inclusive, elogiada por camaradas que reconheceram as falhas da direção e hoje tentam corrigir e rever a forma com que se relacionam com o Coletivo. No entanto, assim como ressaltamos em reuniões do antigo núcleo de São Paulo e voltamos a reafirmar hoje, nosso objetivo não é, por exemplo, garantir somente que militantes do PCB participem das nossas atividades, mas, sim, que consigamos nos tornar referência para as LGBTs trabalhadoras de São Paulo, dando nossa linha, a linha do PCB, e pautando as demandas da nossa classe.

É importante evidenciar também que não eram só camaradas do Partido que não se faziam presentes nas nossas atividades, mas as últimas discussões trouxeram à tona o fato de que a então direção da UJC-SP, que hoje está desvinculada da nossa organização e participando da construção de uma nova organização, não repassava nossas circulares à sua militância de base, boicotando diretamente tantas atividades que organizamos. Mais especificamente, boicotando atividades de finanças que realizamos e que hoje poderiam ajudar o andamento do Coletivo em São Paulo, que tem o caixa quase zerado. Não entendemos por qual motivo esse fato não é duramente criticado nas redes sociais de ex-militantes, como foram e são alvo dessas críticas camaradas da direção nacional, que compartilharam um texto elaborado por duas referências para essa CE, camaradas da CN do Coletivo Negro Minervino de Oliveira.

Pelo fato de a discussão no nosso Coletivo ter se iniciado através de mensagens, ânimos foram exaltados e escolhemos não expor publicamente – justamente, por não entendermos as redes sociais como a melhor forma de fazer o convencimento ou a disputa política – casos de machismo e ataques personalistas. Contudo, entendemos que esse é um momento crítico e precisamos evidenciar alguns fatos distorcidos em cartas, tuítes e do último post feito em apoio aos fracionistas. Diversas vezes, camaradas precisaram intervir em discussões que atacavam nominalmente mulheres, as desrespeitavam e desconsideravam suas críticas. Fomos colocadas como agressivas e cínicas, tratadas com deboche e reduzidas aos posicionamentos dos homens mais próximos. Todas as pessoas que se posicionaram dessa forma se desligaram nesse último período.

Sendo assim, reafirmamos nosso posicionamento em defesa do PCB e que não nos furtaremos da crítica e autocrítica nos espaços devidos. Mas, como sabemos: LGBT não é bagunça; e somos LGBTs organizadas, ligadas organicamente ao Partido Comunista Brasileiro, e, com muito orgulho, comunistas. Desautorizamos qualquer utilização indevida do nome, logo e até mesmo das palavras de ordem elaboradas pela Coordenação Nacional do Coletivo LGBT Comunista.

Somos, fomos e seremos comunistas.

20 de outubro de 2023
Coordenação Estadual de São Paulo do Coletivo LGBT Comunista,
vinculada organicamente ao Partido Comunista Brasileiro, fundado em 25 de março de 1922.

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